Pesquisadores estudam crianças como produtores de conhecimento

QUINTA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2017 Pesquisadores estudam crianças como produtores de conhecimento

Durante muitos anos as crianças foram vistas como incapazes de influenciar a sociedade a partir do seu modo de agir. Apenas a situação inversa, ou seja, a sociedade influenciando os pequenos, era levada em conta. Hoje em dia, essa análise mudou e a Sociologia da Infância é o campo da ciência que avança cada vez mais na busca pela compreensão do mundo pela perspectiva da criança. Neste sentido, pesquisadores têm estudado os pequenos como produtores de conhecimento.

Porém, apesar de vários cientistas brasileiros já atuarem nessa área, há uma única pós-graduação que subsidia a formação inicial, continuada e específica de profissionais da Sociologia, da Educação e da Saúde neste sentido. Trata-se do Curso de Especialização em Sociologia da Infância oferecido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), instituição na qual este campo do conhecimento se consolidou no Brasil.

“Conseguimos produzir algo inédito, com um grande aumento desse tipo de análise e estamos começando a dizer quem são as crianças brasileiras e do mundo”, relata a professora Anete Abramowicz, do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP) da UFSCar e coordenadora do curso. “É um conhecimento que parece simples, mas não é. Sabe-se muito pouco sobre as crianças do ponto de vista delas. Precisamos formar profissionais que tenham capacidade teórica e metodológica para ouvir as crianças e fazer com que essas falas possam ecoar na sociedade”, defende a especialista.

O curso aborda a maneira pela qual as crianças do século XXI se relacionam e brincam com as novas formas tecnologias produzidas pela indústria do entretenimento, ao mesmo tempo em que trabalha com temas antigos, como mortalidade e trabalho infantil.  Discutindo a educação e a sociologia a partir das diferenças, a questão racial na infância também é tratada com base em indicadores sociais, propondo responder perguntas como o que é ser negro no Brasil e como as crianças são subjetivadas a partir de sua raça.

Além disso, as crianças indígenas também compõem a grade curricular da pós-graduação, assim como o estudo de bebês, a história da infância, corpo e sexualidade, cultura científica, sociologia das profissões e metodologias de pesquisa, totalizando uma carga horária de 360 horas. As aulas ocorrem quinzenalmente, aos sábados, com docentes da própria UFSCar, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O Curso de Especialização em Sociologia da Infância da UFSCar recebe inscrições para sua segunda turma até o dia 10 de abril, por meio do site www.socioinfancia2017.faiufscar.com. Profissionais de qualquer área podem participar desde que já sejam graduados. A gestão administrativa e financeira do curso é da FAI.UFSCar (Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Federal de São Carlos).