UFSCar lança manual de boas práticas de acessibilidade em aeroportos

QUINTA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2025 UFSCar lança manual de boas práticas de acessibilidade em aeroportos

O transporte aéreo brasileiro se tornou mais inclusivo com um importante reforço: o Projeto Aviação Acessível, coordenado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com o Ministério de Portos e Aeroportos e apoio da Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa, que conta com o apoio administrativo e financeiro da FAI UFSCar, já analisou 67 aeroportos, responsáveis por mais de 95% do fluxo de passageiros no país, e desenvolveu o Manual de Acessibilidade para a Aviação Civil Brasileira, com diretrizes e práticas que servem de referência para aeroportos e companhias aéreas.

O estudo avalia quatro dimensões fundamentais da experiência do passageiro com deficiência: gestão, comunicação, deslocamento e uso. Entre os aspectos analisados estão a qualidade da sinalização, o atendimento especializado, os recursos para embarque e desembarque, a acessibilidade em banheiros e áreas de espera, além da comunicação nos ambientes digitais. 

Relatos de Experiências de Viagens 
Um dos diferenciais da iniciativa neste momento é o convite aos passageiros com deficiência para que compartilhem suas experiências de viagem por meio de relatos em texto, áudio, vídeo ou imagens. Esses depoimentos ajudarão a mapear as principais barreiras enfrentadas, da compra da passagem ao desembarque, e orientar as melhorias necessárias. “Os relatos vão nos ajudar a compreender as necessidades reais de passageiros com deficiência ou mobilidade reduzida e tornar a aviação mais inclusiva para todas as pessoas”, explica Talita Naiara Rossi da Silva, pesquisadora da USP.

A partir dos relatos dos passageiros, bem como das avaliações considerando as boas práticas apontadas pelo Manual de Acessibilidade, os aeroportos vão ser certificados e aqueles que alcançarem boas pontuações, vão receber um Selo de Certificação de Acessibilidade. “O selo de certificação de acessibilidade será um instrumento para valorizar os esforços dos aeroportos e companhias e, também, para informar os passageiros sobre as condições de acessibilidade de cada unidade. Dado o tamanho da malha aeroviária brasileira, acreditamos ser o maior projeto de acessibilidade do país”, destaca Luiz Tonin, pesquisador da UFSCar e coordenador do projeto.

O projeto já tem resultados concretos, como a ampliação da acessibilidade em sites de companhias aéreas, a adoção de práticas de atenção a deficiências invisíveis, a implementação de salas sensoriais e o uso do cordão de girassol para identificação voluntária de passageiros. Destaca-se também o programa de treinamento “Quebrando Barreiras no Atendimento ao Passageiro com Deficiência”, disponível no website do projeto. Mesmo assim, persistem desafios como a incompatibilidade de sites com leitores de tela, ilegibilidade das informações em painéis de voo, banheiros não acessíveis nos aeroportos e aeronaves  e questões de desenvolvimento de competências de equipes.

Com mais de 118 milhões de passageiros transportados no Brasil em 2024, estima-se que cerca de 2 milhões sejam pessoas com deficiência ou com alguma necessidade de assistência na viagem aérea. Esse público crescente e relevante demanda não apenas ajustes pontuais, mas um compromisso sólido com a acessibilidade. O Manual  e o Selo de Certificação de Acessibilidade surgem como marcos importantes para transformar a experiência de voar em algo realmente seguro, digno e inclusivo.

Para saber mais ou enviar relatos, acesse: www.aviacaoacessivel.com
E-mail: aviacaoacessivel@ufscar.br
Instagram: @aviacao_acessivel

Foto: Equipe Técnica do Projeto Aviação Acessível