UFSCar Araras discute mitos e verdades do peixe panga  

QUARTA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 2017 UFSCar Araras discute mitos e verdades do peixe panga   

 

O Brasil, de modo geral, não é um país culturalmente habituado a ter o peixe como principal proteína em sua alimentação. Porém, é perceptível que os hábitos do brasileiro estão mudando. O consumo anual de pescado por pessoa pulou de 6,46 (2003) para 9,03 quilos (2009) atingindo, atualmente, 14 quilos. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que sejam consumidos 12 quilos per capita por ano. Segundo a professora Luciana Dias, docente do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), os brasileiros já superaram essa marca graças à elevação do poder aquisitivo e à popularização da culinária japonesa, baseada na utilização de peixes.

A importação de um peixe com um ótimo custo-benefício, que chega a custar 50% menos que outras espécies, como a pescada, tem colaborado com essa realidade. O panga, conhecido popularmente como peixe-gato, uma espécie muito versátil de carne branca, textura firme, sem espinhos e de fácil preparo é criado por meio de técnicas avançadas no Vietnã. O peixe é cultivado em tanques formados artificialmente, com a própria água do rio Mekong – um dos maiores do sudeste asiático. A forte aceitação do produto faz com que o Vietnã exporte para mais de 240 países, entre os quais Estados Unidos, Rússia, Japão, Austrália e países da União Europeia. Em 2010, por exemplo, somente as exportações vietnamitas de peixe panga somaram 659 mil toneladas, o que representa 53% de toda produção brasileira de pescados do ano de 2009 (1,2 milhão de toneladas). Em 2009, o Brasil produziu 132,9 mil toneladas de tilápias e 88,2 mil toneladas de sardinha.

No Brasil, apesar do panga ser sido utilizado como peixe ornamental há mais de 20 anos, a exploração comercial destinada ao consumo humano é relativamente recente, mas já pode ser considerada um sucesso. No início de abril, por exemplo, os primeiros 200 quilos do pescado fresco, produzidos por uma empresa localizada no município de Cajuru (SP), que chegaram a uma rede de supermercados na cidade de São Paulo se esgotaram em dois dias.

Mesmo após os mais rigorosos testes de qualidade e com todas as certificações internacionais, o peixe-panga ainda é alvo de retaliações disseminadas principalmente por meio de boatos na Internet, que colocam em dúvida sua origem e procedência. A professora Luciana assegura que o Vietnã possui mecanismos de controle e regulamentação séria com instituições que realizavam o monitoramento de possíveis perigos. “O panga é totalmente seguro para alimentação e exportação. Os boatos estão mais relacionados à questão comercial, já que o panga, no Brasil, chega a custar menos que as espécies mais baratas”, explica.

Com o objetivo de discutir a criação e o mercado dessa espécie, no dia 26 de abril, acontece no Campus Araras da UFSCar o I Workshop sobre Pangasius. Serão abordados, das 8 às 16 horas, o histórico e as perspectivas da aquicultura, o mercado nacional aquícola, os desafios nutricionais para peixes exóticos, licenciamento ambiental para o cultivo do panga, além dos mitos e verdades sobre o manejo produtivo, as inovações tecnológicas