Curso da UFSCar envolve ciência e espiritualidade no tratamento da dor

SEXTA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2017 Curso da UFSCar envolve ciência e espiritualidade no tratamento da dor
A dor está presente no cotidiano de crianças, adultos e idosos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), esta sensação física desagradável já foi um sintoma relatado por 80% da população mundial, sendo que 30% desses casos tornaram-se crônicos. Segundo o professor Fernando Vasilceac, do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar, a dor não está somente relacionada as manifestações clínicas de doenças, mas também ao sofrimento e perda da qualidade de vida. “Por isso, no geral, o tratamento dos mais diversos tipos de dores pode e deve envolver profissionais de várias áreas”, explica.

A própria Sociedade Brasileira de Estudos em Dor (SBED) recomenda que a composição de uma equipe que trata esses sintomas em um paciente deve ser interdisciplinar. Além disso, outros segmentos, como social e educacional, devem estar envolvidos diretamente no manejo da dor. “No tratamento, a humanização é algo muito importante que sempre deve ser levado em conta e construída de forma coletiva, caracterizando-se pela solidariedade, pelo carinho e respeito ao paciente”, defende o professor Vasilceac.

Com o objetivo de promover o estudo e a compreensão dos principais conceitos interdisciplinares em dor, abordando desde a ciência laboratorial até o diagnóstico clínico, gestão e prevenção, está aberto, até o dia 18 de março, o período de inscrições no Curso de Especialização Interdisciplinar em Dor da UFSCar. É a primeira vez que um curso é oferecido para diferentes profissionais da saúde e áreas afins neste sentido. De forma inédita, a temática será discutida na totalidade de um curso e não apenas em uma única disciplina.

“Não há nenhuma outra especialização que aborde com esta dimensão e de forma interdisciplinar a dor. Na maioria dos cursos a dor surge com um dos vários sintomas dentro do processo de uma doença, mas não é detalhada, muito menos discutida por profissionais de diferentes áreas”, afirma Fernando, que também coordena a pós-graduação na UFSCar. O curso apresenta ainda aspectos relacionados a neurociência, educação, espiritualidade e religiosidade.

Segundo a Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP), dentre as doenças que mais matam no mundo, em todas elas a dor está presente. Para o docente da UFSCar, devido à complexidade da dor e suas diferentes manifestações, a compreensão do que é espiritualidade, que não está obrigatoriamente ligada a uma vivência religiosa, faz-se necessária. “Tanto a espiritualidade quanto a religiosidade buscam apoio no manejo da dor no sentido de estabelecer uma conexão com algo maior que o próprio indivíduo”, relata.

A finitude da vida e a morte também são temas que compõe a grade curricular da especialização. “São aspectos diretamente relacionados ao preparo e compreensão dessa fase final da vida. Muitas vezes o quadro clínico implica em repercussões negativas. A visão interdisciplinar desse aspecto deve buscar mudar o significado da morte e suas relações com o indivíduo e sua família”, adianta o professor sobre o que será abordado na pós-graduação.

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